trabalho e pessoas antes, comunicação depois

palavras/expressões-chave aqui: jeitos de trabalhar, planejamento de tempo, organização de ideias, identidade, presença online, cultivo de relacionamento, reconquista de humanidade

sempre me acho ruim de dizer o que faço num tuíte, num "cargo" -mas quando explico o trabalho todo mundo entende: ter um método pra gente se reconhecer (como gostaria de ser reconhecida), organizar as ideias e se apresentar/apresentar o trabalho pra se disponibilizar no nosso melhor -querendo se conectar, colaborar, trocar, criar coisas junto, crescer, brilhar- é um troço que bate fundo em todo mundo! o sistema pejotiza geral, faz pensar que a gente mesma é o produto, empurra pra gente se tratar como marcas (affff)... e por isso mesmo sinto que tamo entendendo tudo errado, todas nós.

se tudo der certo a gente vai passar 1/3 da vida trabalhando (isso em horas dá quase 90.000 horas de trabalho). saber conduzir com excelência a parte técnica do que a gente faz é um jeito de sentir segurança, de produzir satisfação nesse grande tempo de vida. me parece que uma outra grande parte garantidora de segurança dessa satisfação é: cultivar relacionamento! não tem trabalho sem cliente (e nem existe cliente: 'cliente' é contexto de relacionamento entre pessoa e empresa ;-) e seth godin diz que "apresentar o trabalho com clareza é facilitar a vida de gente muito ocupada pra entender quem a gente é e quem a gente não é" pra então a conexão e a colaboração terem espaço de acontecer.

mas não só: pessoa, além de poder se movimentar e assumir papel de cliente (em contexto de relacionamento com empresa) é também potencial replicadora dessa clareza com que a gente pode (se) comunicar. e quanto mais essa comunicação de fora encontra equivalência com o de dentro -nosso trabalho conduzido tecnicamente direitinho, entregando resultado benéfico pra todo mundo, impactando pra fazer a vida melhorar- mais esse trabalho cresce em reputação, e a gente em alegria de viver (e que especial é se sentir feliz nesse grandessíssimo terço de vida, né!).

isso daí depende de relacionamento: não adiantaria nada virar palestrinha e falar falar falar do que faz e não mostrar fazendo; também não rola falar de etapas e cronogramas mas sem apontar pras delícias e sensações e emoções que o nosso trabalho pode render -e aí, se a gente fala, também tem que entregar. porque só falar é fácil, mas conquistar confiança (a nossa e a das outras!), poder contar porque a outra pessoa também conta com a gente <3 isso é troca real, e é isso que faz 'a roda girar'.

mais até do que a internet.
presença online ajuda, mas não é tudo.
se fosse, comé que essa roda girava antes de existir rede mundial?

fico querendo reorganizar o tanto de tempo e energia que tamo botando desnorteadas nessa presença online -tempo e energia que renderiam tanto mais se a gente usasse pra aperfeiçoar nossas entregas técnicas e pra cultivar relacionamentos. e, antes, se a gente tivesse buscando-desenvolvendo essa clareza que potencializaria nossas comunicações: a gente não é tudo pra todo mundo! tem um trabalho anterior aí que é saber quem a gente é e pra quem/pra que faz o que faz -e isso orienta certeiro tanto o nosso crescimento profissional quanto os tipos de relacionamento que fazem toooodo sentido.

tenho sugerido incluir cafezinhos e encontros como parte dos planos de comunicação que venho trabalhando. boto minhas clientes pra pensar em quem seria legal ter por perto, ouvir mais, ter oportunidade de falar pra escutar de volta -e então propor essas conversas pra ter espelho! e exercitar atenção, e treinar apresentação de si e do próprio trabalho <3 e enxergar mais longe conhecendo outros pontos de vista, que vêem o que não tá no nosso campo de visão. tenho sugerido também rascunhar o trabalho no papel, dar contorno ao que se faz, pra -olhando pras palavras- conseguir ter clareza também do que pode ser melhorado, e pegar pra fazer! especialmente em períodos de baixa de demanda, ou em tempo de criar novos serviços... fico achando que é esse o tempo de descolar clientes voluntárias ou de trocar trabalhos, pra que a gente permaneça em movimento, em crescimento de excelência na condução técnica dos nossos fazeres.

(eu mesma também tenho desenrolado o meu corre assim! com gente massa em volta e com trabalho sendo testado -mesmo que não remunerado- mas no gerúndio, em movimento grazadeus!)

que a gente tem alma! e só isso já é tão maior e mais rico do que ser 'marca' ou se pejotizar! propaganda precisa inventar "persona" pra humanizar as histórias dos produtos, a gente já tem história, todo mundo tem! e quanto mais trabalha e troca com gente, mais história tem -comunicação tem tudo pra ser desdobramento disso, desses encontros e entregas profissionais e impactos pro bem e percepções desse valor.

atenção não é moeda forte só na rede social, é também valiosa pra gente mesma, pro trabalho, pra quem tá em volta da gente. professor ailton krenak tem ensinado que pode ser inteligente se colocar mais em envolvimento do que em desenvolvimento, e cuidar do que já existe em vez de correr atrás do que ainda nem é nada (audiência, seguidoras, muitos projetos demais...). se acabar a internet quem a gente é? as pessoas ainda vão querer saber do que a gente faz, vão sentir nossa falta?

a gente precisa mesmo passar tanto tempo online? e botar tanta energia em comunicação?

tenho pensado mais e mais que a gente precisa é ter paciência pra construir esse contexto compartilhado, esse lugar em que a gente tem permissão pra puxar nossas conversas porque confirma os valores que compartilha no trabalho! nesse movimento de trabalho bem feito e pessoas legais em volta! isso tem a ver com ficar muuuuito boa no que faz e crescer em experiência, prestar atenção, honrar a atenção que recebe, se reconhecer e se apresentar/apresentar o próprio trabalho pra disponibilizar no nosso melhor, com tanta clareza quanto possível :) e facilitar a vida de quem tá em volta e se conectar, colaborar, criar coisas junto, crescer brilhar.

bora trabalhar nisso juntas! 

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