sobre escolhas e limites

é tudo escolha, a gente sabe. mas (hoje) fazer as próprias escolhas tem sido pouco usual: muito conveniente o algoritmo entregar pronto, o ifood entregar pronto, o netflix sugerir (netflix e pessoas do netflix te amo rs), o spotify completar a playlist… olhando mais amplo, isso é treino de desatenção e também meeeio abertura pra manipulação nénão?

me parece que ter tudo assim muito ~fácil~ e acessível não tá fazendo a gente se sentir mais interessante, mais esperta e inteligente, mais charmosa, mais confiante, com uma vida mais completa de vivências enriquecedoras -eu pelo menos me sinto menos eu mesma na medida em que não presto essa atenção que orienta escolhas autênticas :|

aí de tempos em tempos parece que o piloto automático chega num limite e a vida pede um sacode: dá uma sensação de pouca auto-responsabilidade, de não-reconhecimento da gente mesma, de vontade de resetar e começar de novo (haja energia!). to muito envolvida com esse livro ‘autocuidado de verdade’ que diz que organizar nossos próprioS limites é fundamento de fazer boas escolhas, e que tem que se ligar noS nãos que a gente precisa sustentar pra abraçar os nossos sims -difícil mas né, possível:

estabelecer limites é como começar a trabalhar um grupo novo de músculos. pode ser desconfortável a princípio, mas com o treino você vai ganhando força e fica mais fácil. recomendo começar pequeno e abrir mão de tarefas simples -talvez reprogramando algo no seu calendário ou deixando de ir ao um evento social. assim, você vai ver que até uma pequena mudança tem um grande efeito. cultive flexibilidade psicológica, reconheça os custos de focar ‘no que as pessoas vão pensar’, faça perguntas e pedidos (…) é importante sempre voltar pra uma posição de autoavaliação e reflexão: autocuidado de verdade envolve criar espaço para você -seus pensamentos, seus sentimentos e suas prioridades na vida. estabelecer limites é a maneira de recuperar seu tempo, sua energia e sua atenção.”

tenho tido MUITA vontade de dizer não pro que é mais conveniente, pra fazer escolhas que envolvem um trabalhão mas que (tenho percebido) que me fazem mais felizinha: em primeiríssimo lugar to tentando dizer não pra rolar feed de rede social infinitamente -pra trocar esse tempo por leituras de livros e artigos com mais fundura/mais detalhinhos, cozinhar minha própria comida, estar mais fora de casa com gente nova-diferente, pegar séries e filmes que demandem pausas pra conversar antes de seguir… <3

JEITOS DE FAZER PLANO, TER OBJETIVO, ABRIR ESPAÇO PRO IMPROVISO

dá um medinho porque parece que eu não vou mais existir e nem trabalhar se não tiver na rede social tooodo esse tempo -mas to confiando que a vida aponta pra esse outro lugar (o da alegria!) e vou tentar experimentar tanto quanto conseguir. toca aquela frase de bacurau na minha mente -como um filtro, pra orientar essas escolhas- e, pra tudo, quero lembrar de pensar se aquilo vai me dar vontade de viver ou se quero morrer (kkkkcrying). então tirei os apps de rede social do telefone pra acessar 1 ou 2 vezes por dia, no computador: primeiro com algum planejamento, com alguma clareza de objetivo e, a partir daí, com espaço pra improviso, pra extrinhas. deus abençoe, que dê bom!

eu que tenho só usado roupa branca desde 2018 fico carregando comigo esse ditado iorubá que diz “quem veste branco não senta na lama”, querendo que esse seja um lembrete pra eu me cuidar desse jeitinho, mesmo que dê trabalho e que demande uma energia diferente. quero acreditar que o próprio processo reorganiza nossa atenção -nos espaços em que a gente vai fluindo, com as pessoas com quem a gente passa tempo e troca, na própria escuta do que nossos corpos vão dando de sinal -de gostosura e de retração. achando que compensa mais não me misturar nessa “lama” do que seguir sujona irreconhecível ou fazendo força demais pra me limpar.

desejo conseguir fazer as melhores escolhas que posso fazer, e desejo que todas consigam!

encontro de planejamento 12/12

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