O de fora e o de dentro, intenções e aspirações (e por que só visto roupa branca)

Eu visto roupa branca todo dia!
Fui sentindo vontade de acalmar o 'de fora' pra dar um suporte pra calma que queria sentir dentro... e fui tirando estampa, depois cores mais coloridonas, fui ficando neutrinha até chegar nos brancos, essa ~transição~ durou uns 4 anos e desde 2019 só tenho roupa branca mesmo. Tenho entendido que minha personalidade e as características da minha presença equalizam direitinho o look claro, limpo, sinto que uma coisa equilibra a outra; e que vai bem usar esse branco todo com gargalhada, gírias do meu estado, tom de voz mais alto, fala rápida, muito gesto com a mão, informalidade, espontaneidade, deslumbramento com a vida.

AMO <3 porque compro menos e bem melhor: pra não ficar com a mesma cara sempre, só dá pra comprar o que é muuuito diferente do que já tem no armário, daí não é preciso ter muita coisa pra fazer render em variedade, em criatividade de coordenações <3 tem sido gostoso e não tá com cara de que volto pras cores tão cedo. 

“o branco age sobre nossa alma como o silêncio absoluto. (…) é um nada pleno de alegria juvenil ou, para dizer melhor, um nada antes de todo nascimento, antes de todo começo.”
(kandinsky)

Mas demorooou pra essa transição me trazer pra onde eu to hoje :| que os primeiros movimentos que fiz foram motivados pelo que eu via em volta, pelos modelos de ~calma e serenidade~ com que eu convivia. Tentei replicar os looks de quem eu admirava, tentei fazer compras nas mesmas lojas, estudei prestei atenção me apliquei em decodificar de que jeito essas minhas pessoas-referência tavam se sentindo tão bem — querendo fazer acontecer pra mim mesma do jeitinho que tava rolando ali em volta de mim... mas né, não rolou.

Então experimentei muuuuita frustração até me fechar (um tantinho, pelo menos) pro de fora pra conseguir buscar em mim o que queria de verdade, pra começar a entender do que eu precisava. Repassei minhas vontades de criança, minhas escolhas de adolescente, peguei pra prestar atenção no que me fazia sentir alegria e conforto quando eu me vestia pra ocasiões em que não tava contando com julgamento (tipo em fins de semana ou no espírito santo, com a minha família; ou com minhas amizades mais longêvas/amigas-irmãs)... E as pistas foram vindo. Pra mim, a conta fechou nessa limpeza de elementos visuais, no olhar atento pros detalhes, no conforto físico, térmico, emocional que esse look vem trazendo, na sensação de adequação e de elegância (quando a gente subverte o código e inventa o próprio, meio que fica fora de lugar ser contestada já que não se tem mais uma ~categoria~ pra ser encaixada, rs).



To contando porque toda vez que compartilho foto minha ganho pergunta nas mensagens :) e porque li isso daqui que me impactou demais, ó:

"O momento de se vestir é uma oportunidade de prática para passar o dia em plena consciência, e mudar a forma como costumamos encarar a nossa tumultuada rotina profissional. É comum nos vestirmos sem pensar no que estamos fazendo. É o piloto automático. (...) Você pode usar o momento de se vestir como uma oportunidade para lembrar das suas aspirações — as suas boas intenções para o dia. (...) Nós podemos usar o ritual matinal de se vestir para lembrar da aspiração de viver cada momento de nossa vida cotidiana como um bodhisattva: com paz, amor, gratidão, compreensão, atenção e liberdade."

É do livro "trabalho: a arte de viver e trabalhar em plena consciência" do thich nhat hanh e me botou pra pensar na potência que isso tem quando é compartilhado, do jeitinho como venho fazendo nos meus trabalhos \o/ a gente sabe o tanto que a nossa imagem pessoal consome de energia nas nossas vidas, né, e isso fica muito muito claro quando a gente entende que essa imagem é composta por

_aparência
_comunicação verbal (nossas conversas, nossos temas de interesse, nossas palavras-chave)
_comunicação não-verbal (nosso jeitinho de trabalhar e de conduzir a vida, nosso jeito de conversar, nosso comportamento e postura)
_presença online (pensa: os rh’s olham currículo mas também olham a rede social -até os consulados tão olhando as nossas internets pra conceder visto!)

por isso mesmo cuidar das nossas escolhas (cuidar da gente mesma!) com intenção e estratégia faz sobrar um tanto de brilho pra gente botar em tarefas certeiras, sem desperdiçar energia — e isso impacta em tudo, a gente sabe! (mapear intenção é o farol de todo trabalho que desenvolvo aqui com a minha metodologia ;-).

Que precioso isso de dividir conhecimento que também é aprendizado diário, né? eu também penso sobre as minhas escolhas, eu também afino minhas intenções-aspirações, também sempre quero administrar melhor essa energia — Hoje minhas palavras-chave (de trabalho, de intenções, de valores na vida) tão bem amarradinhas, tenho conseguido planejar/produzir comunicação com ritmo, meu guarda-roupa só tem roupa em 50 tons de branco (rs) muuuuito por conta da clareza que esse exercício de atenção com minhas clientes traz/vem trazendo também pra minha vida, a partir dos trabalhos que ofereço.


Mas né, intenções diferentes rendem comunicações verbo-visuais diferentes! E ninguém é obrigada a refazer armário pra se encontrar nessas vontades, pra organizar narrativa pessoal, pra se reconhecer na própria expressão, nas conexões que o fluir da vida vai trazendo ;-) e veja só, isso vale pra guarda-roupa e também pra comunicação: toda vez que trabalho apresentação, bio/texto pro 'sobre' do site das minhas clientes, perfil de linkedin ou site institucional dos trabalhos delas... Bato nas mesmas perguntas do questionário que já era uma ferramenta de personal styling desde a oficina de estilo (te juro!). Que características acompanham a gente desde a infância? Que características tem as nossas entregas profissionais? O que a gente quer sentir, como a gente quer se parecer? Pelo que quer ser reconhecida? Quais as nossas crenças, os nossos valores? o que a gente trabalha, o que esse trabalho promete entregar? como esse trabalho acontece? Quais as partes mais marcantes da nossa trajetória, o que a gente quer construir a partir de agora pro futuro? O que a gente quer experimentar vivenciar atravessar nessa nossa experiência humana?

Isso pode virar marca registrada no vestir :) em forma de representação nos acessórios, de um tipo de coordenação de cores (ou de um grupo de cores específico), num tipo de caimento ou num jeito de coordenar proporções, num corte de cabelo ou numa maneira de fazer a maquiagem de todo dia... Tem até exercício pra encontrar essa tradução no "como construir um guarda-roupa inteligente" (que é o meu “próprio livro favorito” dos que foram feitos na oficina de estilo). E esse mesmo desejo de expressar-experimentar nossas aspirações de vida pode também estar no exercício da nossa comunicação, online e offline: com quem eu quero conversar/trabalhar/me relacionar? o que eu quero transmitir com cada interação que produzo? o que eu gostaria que as pessoas sentissem em contato com as conversas que eu puxo, com o meu trabalho? quais as utilidades do meu trabalho, da minha presença online, pra que serve, a quem serve? que benefícios essa comunicação pode entregar? como eu posso me disponibilizar no meu melhor pra me conectar, criar coisas junto, crescer, brilhar?


E então, no vestir e na comunicação, se a gente estuda os códigos de fora tanto quanto mapeia nossas aspirações dentro, (eu acredito DEMAIS que) dá pra se orientar por parâmetros próprios, pra seguir em exercícios que façam tanto sentido pra gente que sobreponham quaisquer “““adequações””” sugeridas pelos outros (tem método e sistema pra dar suporte, mas sem ser fórmula mágica: só acredito em trabalhar template com espaço pras nossas próprias singularidades, pra produzir resultados novos e autênticos, pra gente encontrar a nossa voz e se reconhecer, né! senão não se sustenta ;-) e eu tenho convicção de que exercício de comunicação só tem resultado consistente em médio-longo prazos; mais a ver com construção de reputação do que com marketing).

Reconheço que é preciso fazer uma força monumental pra conseguir experimentar essa comunicação verbo-visual de um jeito próprio, diferente do resto, sobrepondo sugestões de mídia e de propaganda. Mas se a gente conquista alguma confiança nas próprias escolhas (essas pequenas da rotina mesmo! Se vestir, exercitar presença online... ;-), e se vai experimentando segurança na vivência dessa experiência, no dia a dia fazendo a ideia acontecer na prática/no gerúndio, mesmo que devagarzinho de levinho... Então não tem argumento maior que a satisfação que a gente sente — e sente mesmo!

Esse me parece ser um caminho sem volta pro contentamento, pra criatividade, pro bem-estar: reconquistar nossa humanidade, reconhecer nossos limites e nossas potencialidades, se apropriar disso pra suprir as nossas próprias expectativas e até conseguir se divertir com a curiosidade que isso pode gerar. e brilhar! de um jeito que ilumine tudo em volta pra todo mundo seguir suas próprias intenções também! que bem-estar não é individual, é coletivo <3 e o meu bem-estar depende do bem-estar de todo mundo — quem sabe assim, se conectando e colaborando, a gente não vai, de pouquinho em pouquinho, desmontando os sistemas opressores em volta da gente, hein? ;-)

pra trabalhar nisso juntas →

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