pequenos fracassos que não conto na rede social

sabe que 2020 foi o melhor ano da minha vida? fico constrangida de dizer assim em voz alta pois: pandemia + brasil desgovernado, né, mas foi. e tudo que a vida não me espremeu no ano passado tá nesse 2021 me soterrando :| e não sou alecrim dourado, sei que tá todo mundo mal, mas tenho mais proximidade-intimidade comigo mesma e to me sentindo

_sem criatividade
_sem vontade de puxar conversa
_com menos energia pra tudo que é online
_ansiosa pra botar energia no que é offline

e essa tem sido uma conta difícil de fechar nesse nosso tempo de tanta restrição de tudo que é offline, com o trabalho precisando fluir do mesmo jeito (maldita seja a cultura da produtividade). tenho vivenciado as mesmas dores que minhas alunas e clientes trazem: pressão pra comunicar, sensação de não ter o que falar, sensação de inadequação, falta de vontade pura e simples.

daí que me permiti vivenciar essa falta de vontade, sem compromisso com disciplina de trabalho na comunicação, e o resultado foi: umas aulas não tiveram inscrições suficientes pra acontecer (isso que todas as turmas são pequeninas, hein). e essa é a parte 'pequenos fracassos' do título desse texto :( fuéeeeen. 

gente > propaganda

na terapia a luciana me diz que tá todo mundo criando jeitos de se preservar, tentando não morrer (nem de covid, nem de desgosto), e que a gente precisa descolar novas soluções pra permanecer conectada com o que sustenta a gente -- materialmente e emocionalmente.

fiquei aqui pensando que se a gente não se engajar coletivamente na criação de uma cultura de colaboração entre humanos, de divulgação boca a boca dos nossos trabalhos e ofertas, num repasse voluntário (por afinidade de valores) do que a gente sabe que é legal e que poderia beneficiar quem tá em volta da gente... a gente vai é continuar sustentando a indústria da propaganda por muuuuito tempo ainda. e sustentar essa quantidade de propaganda tendo que fazer parte (nãaaaaooooo!!!) é ruim pra gente mesma, pra quem tá em volta da gente, pra todo todo ambiente, pro mundo.

esse tem sido aqui um grandessíssimo incômodo, que tem me botado na sensação de definhar: acho mesmo que a gente precisa descolar jeitos de produzir menos propaganda mas, ainda assim, fazer circular a energia do dinheiro entre a gente. como um jeito da gente diminuir nossa própria poluição, de abrir espaço pra botar energia no que nutre a gente e não no que suga nossa energia. 

definhando x florescendo

isso da 'própria poluição' eu aprendi numa carta que leio aqui (clica pra me ouvir!), e me faz pensar no tempo não-produtivo que a jane odell defende no livro "como não fazer nada: resistindo à economia da atenção" -- as ideias que ela compartilha são muito impactantes, eu mesma pego de tempos em tempos pra reler pedaços, deixo aqui uma palestrinha dela (com legendas) porque vai que ce também tá precisando desse remédio. ;-)

depois do texto que identificava esse nhéeee que tá todo mundo sentindo a essa altura da pandemia, teve esse outro de resposta: no lugar de definhar, a gente precisa florescer <3 com exercícios simples que a autora enumera no texto pra gente não perder a vontade de viver, rs. vibrei quando me dei conta que dois deles também são sugeridos no workshop de id & presença online que ofereço: fazer fotos da própria vida, treinar o olhar pra encontrar belezinhas no próprio cotidiano + registrar num caderno de gratidão as apreciações que as pequenezas da vida podem render, especialmente em tempos difíceis. 

workshop de id & presença online →

imagina tempo livre de fazer auto-propaganda pra se abastecer de podcasts, de trocas significativas que aprofundem nossos relacionamentos, de filmes que recheiam nosso repertório de belezas, de poesia e ar livre e leituras de aula de dança de carinho com a própria pele, com o próprio corpo. sem precisar ser produtiva e sem precisar de utilidade! isso me parece ser o contrário de fracassar... mas como faz se o sistema só reconhece vitórias em forma de dinheiro? 

resposta mesmo eu não tenho (rindo de nervoso), mas compartilho o que tenho tido de ideia e de experiência, em forma de sistema com template e prática testada, abrindo porta pra que quem tá junto compartilhe também suas próprias visões \o/ pra gente tentar experimentar mais, (se) observar mais, crescer junto e, quem sabe, florescer também. ainda tem chão pra esse 2021 melhorar, nénão?

(desejo conseguir! e desejo que todas consigam!)